Fiocruz apoia movimento Chega de Descaso

A plenária de dezembro do 7º Congresso Interno começou na manhã desta segunda-feira (1/12). Depois de abertos os trabalhos pela Mesa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), Paulo Garrido, propôs a aprovação de uma moção em apoio ao  movimento Chega de Descaso – manifesto que pede a apuração das circunstâncias e punição dos responsáveis pela morte da servidora e farmacêutica do Instituto Nacional da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) Ana Carolina Domingos Cassino, de 23 anos, em agosto, depois de esperar mais de 20 horas por uma cirurgia de apendicite no Hospital da Unimed da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Após a leitura da sugestão de texto pela vice-presidente do Sindicato, Justa Helena, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, falou sobre a proposta. “Dada a gravidade deste caso e a necessidade de ser expresso para toda a sociedade o posicionamento da Fiocruz, eu acredito que por aclamação e com alguns ajustes necessários, estamos aprovando esta moção, embora o processo formal seria ao final da plenária”, afirmou. Gadelha falou da mobilização institucional em torno do caso.

“A Presidência fez uma série de iniciativas que continuam ainda em curso. No processo que tramita no Conselho Regional de Medicina, nos responderam que pelos trâmites de processos éticos que correm em sigilo, não poderiam dar acesso à Fiocruz. É um caso muito grave e esperamos celeridade e zelo no trato dessa questão”, disse o presidente. A Fundação também acompanha a abertura de investigação no âmbito policial.

A palavra foi aberta ao farmacêutico Leandro Farias, do IFF.  Noivo de Ana Carolina, o servidor está à frente do movimento. “O caso de Ana Carolina reflete essa prática de comercialização da vida”, disse Leandro. “A Reforma Sanitária era para ter duas vertentes: a saúde se produz com acesso a recursos, ou seja, tem que haver crescimento econômico; e participação social. Precisamos retomar essa vertente da participação social”. Leandro citou a legislação, em seus artigos que estabelecem o papel complementar ao sistema de saúde privado. ”Não é isso que nós vivemos hoje. Precisamos retomar a Reforma Sanitária em defesa do SUS”.   

Votação

A votação do Documento de Referência transcorreu com tranquilidade no primeiro dia de votação, com a presença da maioria dos 298 delegados eleitos pelas unidades. Os trabalhadores se reuniram no auditório do novo prédio administrativo de Bio-Manguinhos, no Campus Manguinhos, onde foi instalada estrutura para receber os participantes. O auditório da Escola Nacional de Saúde Sergio Arouca, onde tradicionalmente são realizadas as plenárias, está em obras.

O presidente da Comissão Organizadora do 7º Congresso Interno, o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Pedro Barbosa, abriu a plenária com agradecimentos à equipe de Bio-Manguinhos e todos os demais envolvidos na viabilização do evento no novo espaço. “Gostaria de valorizar esse esforço institucional”, afirmou. O relator e superintendente do Canal Saúde, Arlindo Fábio, esclareceu detalhes da metodologia adotada pela Relatoria.

“A Relatoria se colocou na seguinte posição: eu sou um cidadão brasileiro, estou recebendo um documento da Fundação Oswaldo Cruz que fala da sua política e, portanto, e quero saber quais são os grandes eixos, o que a Fundação oferece a essa sociedade. Não me interessa o particular, mas as grandes diretrizes”, explicou.  

Texto: Claudia Lima; Fotos: Peter Ilicciev